
Sobre o São João, Mercadão e Safadão
Assunto dos mais comentados nas redes sociais no momento, o São João de Seabra é de fato um tema que repercute nas conversas dos(as) seabrenses. Este ano ele vem com novidade, terá sua programação principal, num espaço contíguo ao Mercado Municipal, o nosso Mercadão.
Pelo fato de neste ano ser realizado primordialmente no Mercadão, gera discussões acaloradas entre os moradores do Cochó do Pega. De um lado, uns que pensam mais na tradição, preferem que ele aconteça na Praça Benjamim Constant, a praça dos eventos. Entendem que por fazer parte da cultura local pode descaracterizar a identidade da festa, caso não permaneça no centro da cidade. De outro lado, há outros que apoiam a mudança promovida pela prefeitura de levar a parte dançante do São João para o Mercadão, pois, afirmam ter mais espaço.
Particularmente preferiria o São João nas praças gêmeas, com um clima de aconchego, contato e reencontros que sempre me faz lembrar os festejos juninos. Mas, o que é interessante para uns, não pode servir de medida para outros.

Em conversa com o site Chapada News, o prefeito do município expôs suas razões para tal mudança. A principal dela foi a parceria do comércio para auxiliar a bancar os festejos, que, em parte, não aceita de bom grado a festa no centro da cidade, justificando os transtornos nas vendas, urina e etc. Essa parceria é válida, uma vez que o país, e consequentemente o município sofre com a crise econômica.
No entanto, o comércio não pode decidir sozinho, sobre um elemento da identidade cultural dos seabrenses que é comungado por milhares. Acredito que o ideal seria um diálogo franco e aberto com os diversos setores da sociedade, através de audiências, consultas, enquetes etc. Isso não aconteceu este ano, mas pode ser corrigido no próximo. O São João deste ano deve, necessariamente, servir de medida para avaliação de sua realização nos anos seguintes. Mercadão or not Mercadão, that is the question!
Neste sentido, o São João deve ser pensado e estruturado levando em conta nossa tradição junina. As diversas manifestações que fazem parte dele precisam ser consideradas ao se promover as comemorações: a figura do sanfoneiro, os estilos musicais, as quadrilhas juninas, as comunidades rurais, os bairros, a ornamentação, enfim, tudo aquilo que compõe e dá sentido ao São João.
Em que pese as críticas que se fazem à mudança de local de realização dos festejos juninos, a programação das apresentações não pode ser esquecida. Acredito que houve uma mudança significativa nos estilos musicais. Em uma considerável parte da programação, veremos artistas que são caudatários do autêntico forró: Hugo Luna, Targino Gondim, Percebes Rabelo entre outros. Não agradará a todos, que talvez desejassem uma festa com caráter de cultura de massa, com músicas descartáveis, bandas de plástico e sertanejos universitários (ou outro adjetivo mais apropriado) de batidas maçantes, repetitivas e vazias, que em nada dialogam com os festejos juninos.
Mas, essa é uma questão para um futuro próximo, que modelo de São João queremos?
Por Fernando Monteiro – Colunista Chapada News