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Filipino internado com malária em Salvador recebe alta de hospital

Tripulante de navio holandês foi atendido no dia 2 de julho, quando fez exames que confirmaram a doença e identificaram o tipo mais grave da doença
Foto: Reprodução

O filipino Richie Aracena Banilau, 45 anos, tripulante de um navio holandês vindo da África e que estava internado em Salvador com grave quadro de malária, recebeu alta médica na tarde desta quinta-feira (13). Ele estava hospitalizado desde a madrugada do último dia 3, no Hospital Aliança, depois de desembarcar no Porto de Aratu com sintomas da doença.

Em entrevista ao CORREIO, a médica responsável pelo diagnóstico, Ula Rebouças, garantiu que não havia indícios de ebola. A malária é causada pelo protozoário plasmodium, transmitido pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, que não é comum na Bahia.

Segundo Ula, Richie começou a apresentar os sintomas de febre, ainda em alto-mar, havia cinco dias. “Quando chegou aqui, já tinha um comprometimento pulmonar e disfunção hepática importante, icterícia, cefaleia holocraniana e calafrios que caracterizam bastante o quadro de malária. Também estava um pouco confuso, com febre de 40 °C, urina escura e com mal-estar geral”, explicou a médica.

O tripulante foi atendido no domingo, 2 de julho, em uma clínica do Centro Médico do hospital e depois encaminhado para a emergência para fazer os exames que confirmaram a doença e identificaram o tipo mais grave: falciparum. O resultado positivou para a presença do protozoário ficou pronto em uma hora e meia. Ele também passou por outros exames, incluindo o da dengue, que deram negativo.

Como o medicamento é de domínio público e não está disponível na rede particular, o médico infectologista do Aliança, Robson Reis, entrou em contato com o Hospital Couto Maia, referência para doenças infectocontagiosas, para fazer a solicitação e iniciar o tratamento.

“Encaminhei para a unidade semi-intensiva por conta do grau de dificuldade que ele tinha para respirar e também para ser monitorado, já que esse tipo da doença pode causar uma disfunção total do órgão, sangramento no sistema nervoso central e até a morte. Não precisou entubar, mas usamos cateter nasal, intercalando com a máscara”, explicou a médica.

Richie ficou cerca de uma semana internado na semi-intensiva, tempo necessário para a administração do medicamento. “Usamos a droga mais eficiente para a forma mais grave da malária, só que ela é agressiva para o paciente, exigindo uma observação. E foi o que ocorreu”, completou Rebouças.

Segundo a médica que acompanhou o filipino, após alta médica ele deverá ficar por dois dias na cidade, para garantir total recuperação. “Clinicamente ele está muito bem. Respondeu rápido ao tratamento e repetimos os exames antes da alta. Só autorizei a volta dele para casa em 48 horas”, disse.

Ula explicou ainda que não há possibilidade de transmissão da doença entre humanos. “A preocupação da Anvisa de inspecionar o navio, na verdade, era para identificar se havia focos ou vestígios do mosquito dentro da embarcação, para assim saber se o mosquito picou outros tripulantes”.

Antes de desembarcar na Bahia, o filipino ficou um mês entre a Nigéria, Togo e Gana. Não existe vacina para malária mas, em casos específicos, é possível fazer profilaxia. “Não quer dizer que todos que vão para a África têm que tomar remédio antes. Quando alguém vai ter uma exposição excessiva em área de foco do mosquito, se usa cloroquina, que é um medicamento para tratar o tipo mais comum da malária. Ele ajuda a não proliferar outros protozoários desse mesmo universo. Mas não dá 100% de proteção”.

Casos na Bahia
Segundo boletim da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), até o último dia 4 de julho, sete casos da doença foram notificados no estado em 2017, em seis municípios (Cruz das Almas, Itabela, Maracás, Eunápolis, Salvador e Vitória da Conquista).

Destes, um foi confirmado (em Vitória da Conquista, vindo da região amazônica), dois foram descartados e quatro seguem em investigação. De 2007 a 2017, a Bahia registrou 572 notificações de malária, com 220 casos confirmados (38,5% das notificações).(Correio 24 horas)

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