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Entenda as mundanças para o novo ensino médio; reforma abre 2ª edição do CORREIO Encontros

Foto: Reprodução

Nova carga horária, menos disciplinas obrigatórias e outras optativas. As mudanças no ensino médio nas escolas brasileiras, previstas para entrar em vigor no ano que vem, serão o tema de um bate-papo que acontece hoje, às 15h, pela segunda edição do projeto CORREIO Encontros.

O evento será às 15h no Teatro Eva Herz, na Livraria Cultura do Salvador Shopping e contará com as presenças do ministro da Educação, Mendonça Filho, e do prefeito de Salvador, ACM Neto. O secretário de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Rossieli Soares, esclarecerá os pontos da mudança e tirará dúvidas dos participantes.  O bate-papo será mediado pela jornalista e professora da Ufba Malu Fontes. A banda Duas Medidas fará um pocket show de encerramento.

A reforma 
De acordo com o secretário Rossieli Soares, a previsão é de que o novo ensino médio entre em vigor entre os meses de março e abril do ano que vem, quando deverá ser aprovada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) a Base Nacional  Comum Curricular (BNCC) do ensino médio. Ela é tema de cinco audiências públicas em todo o país (veja ao lado).

“Estamos trabalhando com a BNCC em duas etapas: uma do ensino fundamental, que deverá ser aprovada pelo CNE em novembro; e outra do ensino médio, que será entregue pelo Ministério da Educação ao conselho entre setembro e outubro e aprovada até março ou abril de 2018. Assim, teremos a Base completa aprovada e pronta para ser homologada pelo ministro”, explica.

Com a aprovação da base, é possível que voltem a ser obrigatórias as disciplinas de Artes, Sociologia, Filosofia e Educação Física – além de Português, Matemática e Inglês. O texto final da mudança, porém, torna obrigatórias suas “práticas”.

Segundo o MEC, o novo modelo permitirá que o estudante, ao ingressar no ensino médio, escolha a área de conhecimento em que pretende aprofundar os estudos. A nova estrutura terá uma parte comum e obrigatória a todas as áreas – a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – e outra flexível.

O fato de o estudante escolher uma determinada área de conhecimento não significa que ele deverá permanecer naquele itinerário por todos os anos do ensino médio: “Haverá regras que serão estabelecidas pelos conselhos de ensino e que vão permitir que os alunos migrem de itinerário”.

Segundo o MEC, a reforma foi motivada pela estagnação do ensino médio. Dados do Ministério apontam que, desde 2011, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) está em 3,7; que o desempenho em Português e Matemática é menor hoje do que em 1997; 1,7 milhão dos jovens de 15 a 24 anos nem estudam e  nem trabalham; e apenas 18% chegam ao nível superior.

Foco na universidade
O psicopedagogo e professor da pós-graduação da Unifacs, Lázaro Emanuel Souza Fonseca, destaca que, independente das mudanças no sistema, o foco das instituições de ensino continuará sendo inserir os alunos nas universidades. “O que vai mudar é que, agora, os conteúdos estudados ao longo do ensino médio serão mais específicos”, diz.

Fonseca ressalta ainda que o novo modelo trará mais dinamismo às formações daqueles jovens que já chegam ao ensino médio sabendo qual carreira seguir. “Esses adolescentes já irão se aprofundar naquilo que irão estudar ao longo das suas formações profissionais, isso trará um maior aproveitamento”, explica.

Para Fonseca, no entanto, o início das mudanças pelo ensino médio reforça uma tendência do Brasil, que historicamente se preocupa mais com a inserção do jovem no mercado de trabalho do que com a formação de base.

Ele acredita que, para as mudanças surtirem efeito, elas devem ser acompanhadas de uma modernização em todos os níveis escolares. “Foi um pontapé inicial, mas é inevitável reformular os demais segmentos da educação, principalmente a educação básica, porque muitos alunos ainda chegam ao ensino médio e até mesmo nas faculdades com muitas lacunas”, diz.

(CORREIO Infográficos)

Experiência internacional
No ano passado, O MEC e o Banco Mundial realizaram, em Brasília (DF), o seminário Evidências Internacionais para a Reforma do Ensino Médio no Brasil. O evento mostrou como outros países, a exemplo da Polônia, México, EUA e Suíça, também reformularam os sistemas educacionais e obtiveram bons resultados.

“Não há como afirmar agora se dará ou não certo. As experiências dos outros países são importantes, mas cada lugar tem uma realidade”, pondera o professor Lázaro Fonseca.

O evento
Para o superintendente de Políticas para a Educação Básica da Bahia, Ney Campello, que representará o governo do estado no CORREIO Encontros de hoje, o encontro servirá para refletir sobre os rumos dados à educação no país. Segundo Campello, a Secretaria de Educação (SEC) criará um grupo de trabalho reunindo órgãos internos da pasta e membros da sociedade civil.

“Já temos inovações no ensino médio, como as escolas de educação inclusiva, parcerias com universidades e educação profissionalizante”,diz.  Campello afirma ainda que a sociedade vem reivindicando mudanças. “Temos uma juventude que deseja uma formação de competências, habilidades e atitudes do século XXI, mas que dispõe de uma educação do século passado. Esse modelo  já se mostrou  obsoleto e fracassado”, completa.

Já a secretária de Educação de Salvador, Paloma Modesto, que também estará no evento, destaca a possibilidade de os alunos focarem nos assuntos que mais se interessam. “Essa flexibilidade curricular dialoga com a modernidade e é algo que já se mostrou eficiente em outros países”, diz Paloma.

Para o gerente de marketing e mídias digitais do CORREIO, Fábio Góis, o CORREIO Encontros é uma oportunidade de debater temas que são relevantes para a sociedade, mas que nem sempre estão acessíveis: “É uma forma de reunir pessoas para um encontro com conteúdos e de o CORREIO promover o debate não apenas nas suas páginas impressas e digitais, como também presencialmente”, diz.(Correio 24 horas)

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