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CHAPADA: Crônica em um adeus a UBIRATAN COSTA, a ‘Voz do Vale’, o Bira Costa.

Ubiratan Costa/Foto: Reprodução Rádio Morro Branco

Ubiratan Costa, comunicador da Rádio Web Morro Branco no Vale do Capão, em Palmeiras, na Chapada Diamantina, era casado com Maria Helena, com quem teve dois filhos, um deles o professor de música Ari Vinicius, que dá aula na escola Recrearte em Seabra. Originariamente Bira, como era conhecido, era arquivista, mas era um cara muito habilidoso, a ponto de ter construído sozinho, com as próprias mãos, a sede da Radio Web Morro Branco no Vale do Capão.  Nasceu em Salvador e residia no Vale do Capão, em Palmeiras, há três anos. Ele também morou em Seabra por 3 anos. Bira foi diagnosticado com pneumonia em estágio avançado, estava doente há duas semanas e acreditava ser apenas uma virose. Sua morte foi um choque, pois o mesmo era muito saudável, tinha parado de fumar há mais de 10 anos e nunca era visto doente ou abatido. Bira deixa esposa, Maria Helena Pessoa da Costa, dois filhos e quatro netos. Seu sepultamento ocorreu hoje (13) pela manhã, no cemitério Jardim da Saudade, em Salvador.

“Hoje o rádio se cala perdendo um grande comunicador “Ubiratan Costa” a equipe da Web Rádio Morro Branco perde seu grande professor, seu mestre, um homem de raça e luta que ensinou que a comunicação é para todos, “vamos inserir não vamos dividir”. ( Bira Costa). Segue em paz Bira!”, declara a Rádio Morro Branco (http://morrobrancofm.com.br/).

A crônica de Aurélio Nunes a seguir, retrata bem as saudades deixada por Bira Costa.

A VOZ DO VALE

Por Aurelio Nunes

Um dia Luan chegou em casa com uma novidade: um homem foi lá na escola pra oferecer curso gratuito em locução e operação de rádio. A Rádio era a Morro Branco e o homem por trás dela, Ubiratan Costa, Bira para os íntimos, coisa que eu ou qualquer pessoa que dele se aproximasse ficava em menos de 20 minutos de conversa.

Bira Costa/Foto: Acervo Pessoal

Fomos conhecê-lo. O sorriso grande e a pequena rádio de Bira não despertaram o interesse de meu filho, mas se transformaram em escola para o exercício de uma atividade absolutamente inédita para mim; em 20 anos de carreira no jornalismo eu já havia passado por site, revista e jornal; nunca por uma rádio. Inaugurávamos ali, em março de 2015 um parceria que só seria interrompida neste sábado, quando fui informado do passamento de Bira Costa neste sábado, 12 de agosto de 2017.

A notícia me caiu como uma bomba porque na véspera meu amigo dera sinal de vida pelo whatsapp com ‘ok’ para meu pedido de confirmação de recebimento do boletim sobre a rodada do Campeonato Brasileiro. Boletim que, só soube depois, Bira recebeu, mas não teve condições de botar no ar, posto que já não apresentava o programa ‘A Voz do Vale’ há uma semana por conta de uma pneumonia em estágio avançado que ele julgara se tratar de uma inofensiva virose.

Ironicamente, nesse último boletim que não foi eu tripudiei do programa sobre saúde que Bira mantinha toda sexta-feira em parceria com Dr. Áureo Augusto dizendo que importante mesmo era falar de futebol, a coisa mais importante que existe, dentre as mais desimportantes. Não sei se meu amigo chegou a ouvi-lo, mas foi a última vez que eu entoei o bordão “Alô Vale do Capão, Alô Bira Costa”.

Hoje, 13 de agosto, é Dia dos Pais e data do aniversário de minha mãe. Meus filhos estão no Capão, dona Clarisse em São Paulo, eu em Salvador. E logo numa data com tantos motivos para celebrar a vida, restou-me como único programa do dia a despedida do parceiro querido  no cemitério Jardim da Saudade.

Durante o sepultamento, eu pensava egoisticamente no quanto “A Voz do Vale” me fará falta. A partir de hoje não tem mais boletim do futebol, acabou a minha terapia, a minha fórmula mágica de driblar a solidão e de me manter de alguma forma conectado com o Capão, onde deixei a família para trabalhar na Capital.  Meu amigo partiu sem saber que o boletim representava tudo isso pra mim. Achava que eu estava apenas tentando ajudá-lo, quando o que se passava era exatamente o contrário. Assim foi Bira Costa, uma pessoa tão acostumada a ajudar que ajudava até sem saber.

E eu só não lamento não ter tido a chance de dizer isso a ele pessoalmente porque sei que ele não se importaria. Bira era como o futebol: importante justamente por não se julgar importante.  Partiu sim, mas deixou um rastro de generosidade e de bondade que se expande para além dos limites da rua da Lama – onde morava e professava o seu ofício -, que extrapola o raio de alcance das ondas do rádio do Riacho do Ouro ao Riachinho, e até mesmo por onde nunca se ouviu sua voz, como no Rio Preto e no Pati.

Neste momento o vozeirão de Bira Costa está ressoando descontraidamente por outros Vales Verdejantes, operando em frequência modulada por outros Morros Brancos. A Voz do Vale ecoa silenciosamente. Alô, Bira Costa: obrigado!”

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