A Dentista Dra. Enálzia Tavares (Nalma) esteve com o comunicador Nerisvaldo Sobrinho na Rádio Nova Fm (99.7) nesta segunda-feira (14), esclarecendo e alertando sobre o câncer de boca na região de Seabra e na Chapada Diamantina. Ela alerta que há casos na região e é preciso fazer uma campanha de orientação à classe odontológica nos PSFs locais, afim de diagnosticar os casos a tempo.
A Doutora Enálzia esclarece que o câncer de boca deve ser examinado pelos dentistas, pois são os profissionais de saúde que primeiro tem acesso à boca do paciente. Devem ser examinadas as mucosas, os tecidos moles da boca e não somente os dentes, pois o câncer de boca começa nos tecidos moles, com lesões na região. “Qualquer lesão precisa ser analisada”, diz a Doutora.
Dra. Enálzia esclarece como surge o câncer de boca
A Doutora explica que a boca é revestida por uma membrana, uma película que se chama mucosa bucal, a qual serve para proteger a boca. Com o tempo essa mucosa bucal envelhece e se desacama, fazendo com que as células da mucosa bucal passem por um processo de renovação celular. E é nesse processo de renovação que pode acontecer um distúrbio nas novas células, e pode ser que os gens dessa nova célula venha com defeito (é a célula cancerígena). Se a pessoa tem estilo de vida saudável e está com o sistema imunológico bom, o próprio sistema imunológico ataca essa célula com defeito e a destrói. Do contrário, se o sistema não consegue englobar essa célula cancerígena, a mesma começa a se proliferar, se multiplicar desordenadamente, infiltrando nos tecidos circunvizinhas formando o câncer de boca. Pode também se infiltrar em outros órgãos, caindo na corrente sanguínea, viaja para órgãos mais distantes, ocorrendo a metástase, que muitos se referem como “o câncer enraizou”. Destrói os outros órgãos e pode levar o paciente à morte.
O câncer de boca está muito relacionado com o estilo de vida da pessoa. 90% está relacionado à pessoas que fumam. O fumo e o álcool são os principais fatores de risco. O álcool por si só é um risco, mas ele também potencializa os fatores nocivos do cigarro. Segundo a Dra. Enálzia esse é um câncer que pode ser detectado no início, mas, infelizmente, quando chega no consultório já está num estado muito avançado, será um diagnóstico tardio que pode gerar muitos problemas e cirurgias mutiladoras, onde muitas vezes precisa retirar o queixo, remover o palato, etc. A sobrevida de um paciente com câncer de boca evoluído é no máximo de cinco anos, mesmo com tratamento.
“O Brasil é considerado um país com altas taxas de mortalidade por câncer de boca quando comparado a outros países do mundo. 50% dos pacientes morrem antes dos cinco anos depois de confirmar o diagnóstico, essa taxa se mantém inalterada há várias décadas, sem mostrar nenhuma diminuição, mesmo diante de diversas campanhas”, esclarece a Doutora. Em 2013, as mortes no Brasil chegou a 5.401 por câncer de boca. A taxa de mortalidade é maior entre os homens. Foram 4.223 homens e 1.177 mulheres. Homens são mais acometidos devido ao estivo de vida, fumam mais, bebem mais. Essa mortalidade se deve provavelmente a uma combinação de fatores que inclui atraso no diagnóstico ou na busca do próprio paciente em um tratamento especializado ou também na lentidão do sistema público de saúde.
Já o prognóstico de pacientes com lesões detectadas no início é muito bom. Sendo detectado no início, o câncer de boca é curável, as chances de cura são grandes. Esses dados reforçam o importante papel que têm o dentista e os profissionais de saúde na busca ativa de alterações na boca. Dra. Enálzia frisa que todo paciente que chega a um consultório odontológico, seja ele particular ou público, deve ser examinada toda a boca não somente os dentes.
Dra. Enálzia é referência na cidade como facilitadora para multiplicar o conhecimento que tem sobre lesões de boca e estomatologia aos demais colegas da odontologia na região, os quais mostraram interesse em se iterar sobre o assunto.
A Doutora traz estatísticas de incidência de câncer de boca em todo Brasil, mas para a região ainda não há essa estatística, porém, ela tem números referente ao Bairro Santa Luzia, em Seabra, onde ela atua. São 10 casos de câncer de boca, sendo todos em homens. Três de 70 anos, dois de 50 anos, um de 65, um de 62, um de 96, um de 34 e outro de 60 anos. Sendo que desdes 10 homens, somente o de 34 anos está vivo.
Essas e outras informações podem ser conferidas no áudio abaixo.