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Seabra: Rio Cochó sofre com poluição e desmatamento

Há dejetos e entulhos em todo o trecho do rio Cochó que corta a zona urbana de Seabra.

O rio Cochó, o mais importante rio da região de Seabra, na Bahia, tem sido ameaçado constantemente pelo desmatamento e pela poluição em toda sua extensão. Sua nascente está localizada entre duas serras: a do Tromba e de Santana, em Piatã. Áreas agrícolas são irrigadas e o assoreamento hoje faz parte dessa paisagem. O rio Cochó teve sua importância no desenvolvimento da cidade de Seabra, que antes se chamava Cochó do Pega.

Em Piatã, município baiano onde se encontra a nascente do rio Cochó, o relevo acompanha toda a região, o que se constitui num entrecortado de serras e vales. Entre as serras da Tromba e de Santana (dois paredões) se formou um longo planalto, onde se desenvolveram núcleos urbanos e propriedades rurais, inclusive sua sede, que leva o mesmo nome do município.

Em meio a realidade sócio-ambiental, o rio passou por transformações, como a devastação da mata ciliar, poluição, assoreamento, contaminação das águas e a construção de várias barragens no seu curso. A maior poluição e o pior trecho do rio são identificados quando suas águas passam pela cidade de Seabra. Desde a sua nascente, no município de Piatã, até a sua confluência com o rio Preto, no município de Palmeiras, a microbacia hidrográfica é ocupada por agricultura de pequena escala, tipo de atividade predominante em toda a região da Chapada Diamantina.

Hoje o lavrador Francisco Vicente de Souza, do povoado de Santana, em Seabra, vive em pequenas glebas herdadas por via de parentesco, onde trabalha para manter sua subsistência. Nesses terrenos, ele e sua família cultivam cana-de-açúcar, café e fumo (para a comercialização na região) e produtos como milho, mandioca e feijão (para o consumo próprio).

Segundo João Gomes, secretário de Agricultura de Seabra, o rio Cochó será mais um a entrar na estatística dos rios afetados pela expansão irregular urbana e rural. De acordo com o secretário, os desmatamentos são as principais causas do desaparecimento das nascentes. Ausência de políticas públicas de proteção, recuperação e reflorestamento das matas ciliares com espécies nativas, amplia ainda mais a tragédia anunciada. “Educação ambiental é o caminho”, afirma.

As atividades agrícolas desenvolvidas ao longo do rio Cochó precisam de medidas de controle, já que são graves as consequências sobre os recursos hídricos. Desprovidos de um planejamento que privilegie a auto sustentabilidade do sistema, os produtores necessitam de acompanhamento técnico e gestão integrada que possam viabilizar suas atividades. O ideal é que seja planejada a qualidade do rio, mas também as vidas dos agricultores e todo o ecossistema envolvido.

O Cochó é um rio perene, mas em vários trechos tem se tornado intermitente e sofre com impactos bastantes consideráveis no seu curso: carga de agrotóxicos usados intensamente na produção de tomate; em Seabra, onde chega quase sem vida, recebe esgotos domésticos e aterro de construções nas suas margens.

Para o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Geraldo Reis, que esteve envolvido na elaboração do Plano de Ações Estratégicas para Gerenciamento dos Recursos Hídricos, “no atual contexto socioambiental, que apresenta uma grande escassez hídrica, é preciso investir recursos para a realização de ações estruturantes que possam melhorar o sistema de gestão das águas na Bahia. Nesse sentido, o Plano permitirá uma gestão mais eficiente das águas e possibilitará ações preventivas que amenizem os impactos em momentos de crise hídrica, com benefícios para todos usuários”.

Segundo o diretor de Águas do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Eduardo Topázio, com essa ação, “serão caracterizados indicadores capazes de identificar os principais problemas de gestão das águas em cada uma das regiões, permitindo, inclusive, que se regionalize as áreas de estudo de acordo com as características dos mais relevantes problemas de gestão atrelados a cada uma delas”. Topázio ainda salienta que “também serão desenvolvidas análises a partir de estudos globais já existentes, como o ZEE Bahia (documentos finais e parciais), a revisão do balanço hídrico do Estado e outros que permitam maior agilidade nas etapas iniciais do trabalho”.

Em Seabra, o rio Cochó só corre em tempos de chuva.

O decreto para a elaboração do Plano de Ações Estratégicas para Gerenciamento dos Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas do Rio Paraguaçu e do Recôncavo Norte e Inhambupe (PAEPRNI), com investimento de R$ 2 milhões, foi publicado no Diário Oficial de 31 de agosto de 2017. (Repórter:Edílson Felix /Jornal O Bambúrrio – UNEB campus XXIII )

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