O secretário de Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, afirmou que não acredita que os 417 municípios do estado conseguirão informatizar todas as suas unidades básicas de saúde até o próximo ano, como pretende o Ministério da Saúde. Nesta quarta-feira (8), o governo federal lançou um edital para cadastrar em todas as regiões do Brasil empresas que vão fornecer suporte de informática, como conectividade, equipamentos e treinamento de pessoal, para atingir a meta nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). Na avaliação do titular da Sesab, contudo, as cidades esbarrarão no problema da falta de banda larga para conseguir realizar a informatização. “O edital prevê transferência de recursos para que cada município se vire sozinho e faça sua informatização. Eu não acredito que, sem uma decisão central, sem um financiamento central, você consiga fazer isso ter um grau de escala necessário para o investimento que precisa ser feito”, declarou, em entrevista ao Bahia Notícias.
Ainda segundo o secretário, com base no modelo proposto pelo ministério, será difícil haver a articulação necessária entre os municípios para que cada um deles consiga se conectar a uma rede que alcance todo o estado. “Para a gente conseguir implantar, em cerca de 100 municípios, em um estado do tamanho da Bahia, a fibra ótica, isso vai custar em torno de R$ 100 milhões, aproveitando a estrutura de fibra ótica que existe da Chesf [Companhia Hidrelétrica do São Francisco], da BR-116 e redes públicas e privadas que há na Bahia. Imagine pegar 417 municípios, cada um com orçamento pequenininho, para resolver o problema de suas UBSs e conectar isso a uma rede que alcance a Bahia inteira. Não vai haver articulação entre os municípios para fazer isso e a gente vai continuar tendo um problema de conectividade”, criticou. Para Vilas-Boas, não adianta o Ministério da Saúde repassar recursos para compra de computadores que sejam usados nas unidades se não houver uma rede de fibra ótica robusta para viabilizar a conectividade dessas cidades com sistema central de banda larga. O secretário informou que, diante da questão, o governo estadual está tentando viabilizar soluções para resolver o problema.
Tivemos [ele e Rui Costa] três reuniões com empresas brasileiras e chinesas para viabilizar, ainda em 2018, essa estrutura de banda larga que permita conectar não apenas as unidades básicas de saúde, mas as escolas e as delegacias de polícia”, explicou. Enquanto nos municípios pequenos a informatização deve ser um desafio, no caso de Salvador não devem haver muitas dificuldades para cumprir com o prazo. Segundo Vinícius Mariano, coordenador do Núcleo de Tecnologia da Informação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o município já realizou o processo na marcação de consultas, com o cartão de vacinação, em farmácias e também para os agentes comunitários, o que tornará a implantação dos prontuários eletrônicos nos consultórios mais fácil. Atualmente, as fichas com informações dos pacientes são preenchidas no papel e armazenadas nas próprias unidades de saúde.
Com a informatização, pacientes e médicos poderão ter acesso aos seus dados em qualquer lugar do país, algo que, além de facilitar o trabalho dos profissionais, deve baratear os custos da saúde. “Acho que hoje o mais complicado da gente implantar o prontuário eletrônico era o financiamento e a manutenção da estrutura. Como vai ter esse recurso vindo do Ministério da Saúde, isso dá um respaldo tranquilo para a gente avançar para os consultórios”, afirmou. “É lógico que, no início, vamos ter um processo muito grande de capacitação e suporte. Mas a gente percebe que o ganho é tão rápido, não só para a gestão, mas também para o próprio profissional, pois ele vai ter acesso a todos esses dados de forma tão rápida, que as outras dificuldades são menores”, ponderou. A previsão do Ministério da Saúde é que no início de dezembro as cidades comecem a escolher o projeto da empresa que melhor atenda seu território.(Bahia Notícias)