Foto: Iago Aquino.
Na tarde desta terça-feira (4), o programa resumo da manhã, recebeu a geóloga, Dra Marjorie Nolasco, professora da UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana), para um papo sobre a outorga liberada pelo INEMA (Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos), para a empresa Igarashi instalar 17 pivôs centrais em uma área de 406 hectares, na Fazenda Coités, no Município de Palmeiras.
A outorga, liberada semana passada, dá o direito de captação de 25 milhões de litros de água durante 20 horas por dia, todos os dias, no Rio Santo Antônio, na Bacia Hidrográfica do Rio Paraguaçu.
Logo no início da entrevista Marjorie fala da manifestação no Rio Utinga (afluente do Santo Antônio quando forma o Marimbus) no ano passado, onde uma plantação de dois milhões de pés de banana foi responsável por deixar 930 famílias sem água para o consumo humano no verão. E ela acredita que isso seja o prenúncio para o que pode acontecer se a Igarashi instalar os 17 pivôs na região.
A pesquisadora citou os impactos negativos causados pela instalação dos pivôs, entre eles “o secamento dos pontos turísticos que estiverem abaixo do ponto de captação, a desertificação do Marimbus (produto turístico da chapada Diamantina divulgado e vendido como ‘opantanal baiano’); desmoronamentos de dolinas e tetos de cavernas com as ‘chuvas diárias’ causadas pelo uso do pivô central provocando maior dissolução das rochas calcáreas (podendo até mesmo abrir os tetos rebaixados de cavernas, fazendo com que a terra seda); além da contaminação da água e do solo pelo uso de agrotóxicos”.
Na nota emitida pela Igarashi, se diz que a liberação foi feita em 2006, porém somente foi renovada agora, quase 10 anos depois, porém Marjorie explica que apesar de terem pedido a outorga e só ter renovado agora, a empresa nunca fez captação no local, “provavelmente porque não tinham interesse aqui, estavam em Mucugê, Correntina, fazendo essa captação. Agora eles voltaram a ter interesse e reativaram a solicitação”.
Nolasco explica como funciona a liberação, “tem água? Tem. Mas eu não somo a liberação da empresa, com a outra liberação de outra empresa, uma liberação para as cidades e municípios do entorno […] eu não contabilizo as captações do entorno. Cito também estudo apresentados pelo pessoal da Pratinha, onde dizem que uma captação de 25 milhões de litros equivale a 47% da água do rio, metade da Pratinha. Ai eu penso, o que vai acontecer com o poço verde, com as comunidades do Marimbus, o risco de secar. Ai nós vamos deixar de ter o alagado, com toda a biota, todo o sistema, todas as comunidades que vivem daquela região. Será que esse é o contraponto suficiente para a geração de empregos que deixaram as terras arrasadas como aconteceu em outras regiões?
Reportagem: Ana Paula Teles.