Na última terça-feira, 24, foi realizada a Feira de Ciências e Matemática (Fecima) no Colégio Estadual Professora Nilde Maria Monteiro Xavier, na cidade de Palmeiras, situada no coração da Chapada Diamantina. O evento teve como tema “Curiosidades e criatividades dos nossos alunos” e procurou divulgar e enaltecer as produções dos alunos dentro do âmbito escolar. O intuito foi também preparar os estudantes para a Feira de Ciências, Empreendedorismo e Inovação da Bahia (Feciba), em Salvador. Serão escolhidos três alunos de três grupos para representar o colégio na competição com outras escolas estaduais.
O coordenador da Fecima, professor Jadson Souza, é mestre em Educação Matemática pela UESC e fala sobre a importância e a visibilidade que esses estudantes vão ter ao apresentar um experimento na capital do Estado: “Nossos alunos estão muito desmotivados com o que é aprender e com o que é ensinar. A feira ressignifica a nossa prática como professor e os interesses dos alunos para mostrar que eles são capazes e podem competir com alunos de Salvador, Itabuna, Seabra e demais cidades, com os resultados do nosso trabalho, que está exposto aqui”, explica o docente.
O grupo da aluna Luísa Santana pesquisou sobre turismo e hotelaria na cidade de Palmeiras. Luisa explica como foi sua experiência e as dificuldades junto com seus colegas para fazer as coletas de dados fora da escola. Ela afirma que a turma tem 37 alunos, mas só 10 computadores estavam disponíveis: “Entrava um grupo, depois saia, para a gente aprender a fazer os gráficos. A dificuldade também é que escola não tem muito que oferecer pra gente, mas conseguimos. Tinha que tirar do nosso próprio bolso para se locomover para a localidade do Vale do Capão para poder realizar a pesquisa”.
A escola realiza desde 2010 a Feira de Ciências. Esse ano o coordenador, que chegou há sete meses na instituição, trouxe a Fecima, uma proposta inovadora para a feira ocorrer fora do âmbito escolar: sugeriu que ela fosse feita no local onde acontece a feira livre da cidade. Alunos, professores e toda a equipe concordaram em executar a apresentação na Praça Souto Soares, no centro da cidade.
“A participação da população na rua é maior. Dentro do colégio não são tão efetivas. As pessoas não vão prestigiar e também os alunos se dedicaram muito mais na rua do que dentro colégio, porque eles sabiam que a participação da população seria maior”, relata a professora Nielly Costa.
Muitos experimentos das disciplinas de Matemática, Ciências, Biologia, Química e Física foram apresentados ao vivo pelos os alunos nos stands instalados na praça. Maricélia Almeida, mãe de uma das alunas, esteve presente no evento e gostou muito do que viu. Ela fez até um comparativo da sua geração
com a geração da filha: “Uma forma diferente de ver a aplicação das matérias que estão presentes no nosso dia a dia. A gente acaba não ligando muito, acha que não é importante, principalmente Matemática. Mas minha filha viu na prática. Quando estudei, não tinha essa parte dos alunos saberem apresentar. Era uma educação tradicionalista. O aluno não dava opinião, era o que estava escrito e pronto”, conta a mãe.
Esses trabalhos tiveram toda uma preparação. Foram construídos no primeiro e no segundo trimestre do ano e passaram por um processo de aprimoramento nesta última semana que antecedia a feira. Os alunos apresentaram os protótipos para os professores na sala de aula e foram avaliados. A idéia era não correr o risco de ter falhas e passar informações equivocadas no dia da culminância.
A estudante Regielly Oliveira Dutra, do 1º A, fala sobre sua participação e a satisfação de realizar um trabalho coletivo: “Foi bom porque trouxe mais conhecimento para a população palmeirense nas matérias de Química, Física, Biologia, entre outras. Trabalhar em equipe é bem melhor que trabalhar sozinha. Foi maravilhoso”, descreve a aluna.
Foram apresentados diversos experimentos, mas o que mais chamou a atenção do público e dos próprios alunos que estavam envolvidos foi à ponte feita de coisas frágeis. A invenção com palito de picolé e cola de madeira suporta até 100 kg. Um dos professores, com mais de 80 kg, subiu na ponte, e todas as pessoas que estavam perto aplaudiram o resultado positivo.
O grupo do 2º A, composto pelos alunos VerônikaAryelle Guimarães da Silva, Suiany Carla Santos Guimarães, Kelvin Cardoso Ribeiro dos Santos, Rayssa Gaspar, Clara Dourado e Pedro Pietro, apresenta o processo de criação da ponte: “A gente teve que pesquisar para poder elaborar as coisas,saber explicar às pessoas e não passar informações erradas. Teve muita coisa boa, mas a de Matemática foi a melhor, por ser uma experiência muito legal, diferente,nunca tínhamos tido. As feiras de ciências anteriores não tinham essa importância que teve esse ano. Ver as pessoas aplaudindo a gente pelo o trabalho foi muito gratificante e satisfatório”, disse o grupo.
Mesmo de férias, a diretora do colégio, Ana Claudia Franco, esteve na feira para prestigiar o trabalho dos alunos e da sua equipe. Ela visitou os stands e falou sobre a mudança da Fecima: “Foi muito bom ter envolvido a comunidade. Os alunos puderam mostrar o que desenvolvem aqui dentro da escola”, diz a diretora. Ela também expressa sua indignação com a falta de comprometimento e de valorização do poder público com a educação: “É quase nenhum, é muito pouco. Eu acho que um evento desse tipo deveria ter o maior apoio. A Secretaria de Educação do Governo do Estado liberou apenas uma verba de R$1.000,00 (um mil reais) para fazer um trabalho desse tipo. Eu acho que deveria haver mais investimentos, porque tem gastos, poderia ter sido até melhor se houvesse um recurso para essa feira”, alega.
Por Joilson Santos.