CN

Pesquisar

Servidor que recebeu auxílio emergencial de maneira ilegal deveria ser demitido

 

Mais de 70 mil servidores municipais foram identificados como beneficiários irregulares do auxílio emergencial na Bahia. Esse problema não é novo. Quando o Ministério da Cidadania e a Controladoria-Geral da União iniciaram o cruzamento das bases de dados disponíveis nas esferas federal, estaduais e municipais, começaram a aparecer números altos de ilegalidades na concessão do “coronavoucher”. Parte desses cadastros pode ser justificada por fraudes ou uso ilegal das informações dos servidores. Ainda assim é assustador pensar que nas diversas instâncias públicas haja pessoas com tamanho descompromisso com recursos públicos.

Não é uma questão de generalização. A imensa maioria dos servidores públicos é comprometida com o trabalho e com as atribuições designadas. Porém essa parcela que se apropria de algo simples, como parcelas de R$ 600 concedidas como auxílio a pessoas em condição de vulnerabilidade em meio a uma pandemia, revela que precisamos evoluir muito enquanto sociedade antes de entrarmos no tão sonhado país do futuro.

São essas pequenas corrupções – que nesse caso não chegam a ser pequenas – que muitos brasileiros, infelizmente, ancoram o dia a dia. A cada pessoa que teve acesso ao auxílio emergencial sem ter direito, outros tantos cidadãos ficaram a ver navios, lidando com a falta de acesso a direitos mínimos como alimentação, saúde e educação. Por mais que tenha havido um esforço para que o “coronavoucher” chegasse ao máximo de brasileiros possível, muitos seguiram à margem, invisíveis aos olhos do governo e também da própria sociedade.

Se esses servidores comprovadamente solicitaram acesso ao benefício sem terem direito, quem garante que eles, no exercício das funções, se mantenham probos o suficiente para não cometer outros crimes? É constrangedor imaginar que essas pessoas podem estar em esferas de decisão que podem definir os rumos da vida de outros. Decidir quem vive e quem morre, quem tem acesso aos serviços públicos ou não… Não podemos aceitar que esses cidadãos permaneçam fingindo ser servidores públicos. Porque estão longe de terem o direito de serem chamados assim.

Antes que seja criticado por pedir uma punição severa, friso que todos os beneficiários eventualmente irregulares têm direito à ampla defesa e ao contraditório. Porém não deve haver perdão para quem frauda um auxílio emergencial, que nasceu para evitar que brasileiros passem necessidade. A demissão de quem cometeu a ilegalidade é um favor ao serviço público e ao Brasil.

Este texto integra o comentário desta quarta-feira (29) para a RBN Digital, veiculado às 7h e às 12h30, e para as rádios A Tarde FM, Irecê Líder FM, Clube FM, RB FM, Alternativa FM Nazaré, Valença FM e Candeias FM. O comentário pode ser acompanhado também nas principais plataformas de streaming: SpotifyDeezerApple PodcastsGoogle Podcasts e TuneIn.

Compartilhe

POSTS RELACIONADOS

plugins premium WordPress Pular para o conteúdo