Após a grande repercussão, em toda Bahia, de um vídeo onde mostra dois homens agredindo um adolescente por tê-lo confundido com um ladrão que roubou o celular da filha de um deles, os dois acusados da agressão, vêm a público pedir desculpas aos envolvidos e a toda população. O crime ocorreu na quinta-feira (20), na cidade de Seabra, Chapada Diamantina.
Em entrevista à Rádio Nova Web, nesta segunda-feira (24), os acusados relatam suas reações impulsivas, reconheceram seus imensos erros, se emocionam ao analisar os fatos e se dizem prontos para pagar pelo grave engando perante a lei, mas já reconhecem que perante a sociedade e suas próprias consciências, já estão condenados.
Carlos, 40 anos, o pai da menina que teve o celular roubado e correu atrás do adolescente, relatou que no dia dos fatos, chegou do trabalho cansado e achou sua filha chorando, falando que havia acabado de ser roubada e lhe passou as características do indivíduo. Segundo ele, foi instantâneo sua “loucura” e saiu desesperadamente em busca do ladrão. Carlos diz que não há o que detalhar, as imagens do vídeo são claras, não tem como justificar seu erro.
Dalson Fontenelle, 38 anos, explicou que agiu em defesa do primo, pois o encontrou muito nervoso, e que ele lhe passou as características do ladrão. Em seguida, ele relata que o que viu foi quando o adolescente se defendeu, e deu um murro no primo Carlos, que caiu junto com o adolescente. Ele viu o primo apanhando e tentou ajudar. Mas que se fosse ele como pai do adolescente, ao ver as imagens, ficaria transtornado e queria fazer justiça com as próprias mãos. “Eu e Carlos estamos errados, nada do que falar vai justificar a ação que a gente teve. Estamos errados. Eu vim para me desculpas”, desabafa.
O advogado dos dois acusados, Dr. Edson Leite, justificou o motivo deles não terem se manifestado na rádio, na sexta-feira (20), porque haviam sido intimados para se apresentarem na delegacia na tarde daquele mesmo dia, e que, portanto, antes de se apresentarem a autoridade policial, eles não deveriam falar sobre os fatos.
Ainda esclareceu que os dois estão sendo acusados pelos crimes de lesão corporal grave, que tem pena de até 5 anos de reclusão e também pelo crime de danos.
Entretanto, a defesa acredita que não houve dolo, não houve a intenção de lesionar uma pessoa inocente. Houve sim, o erro de tipo, onde eles agiram crendo que estava tendo uma conduta correta, que estavam pegando o ladrão, mas na verdade, estavam tendo uma conduta errada, sem saber disso. Crê na excludente da licitude, por erro de tipo.
“Sou pai da criança agredida, não entendemos nada, meu filho está sofrendo, mas a justiça vai ser feita. Nada mais a dizer”, mensagem do pai do adolescente, lida no final da entrevista. Veja a entrevista completa:
Chapada News