O Jornalismo, além de informar a população, também possui um papel social para a construção de um senso crítico. A ausência de um meio de informação pode colaborar para o “apagamento” histórico de acontecimentos cruciais.
Temos o exemplo do “Massacre da Pacheco Fernandes”, em 1959, que, com a ausência/omissão do Jornalismo, ficou no esquecimento de boa parcela da população. O que se sabe é que uma briga no refeitório de uma construtora, em um canteiro de obras, foi interrompida pela ação da Guarda Especial de Brasília (GEB). O relato oficial fala em 48 pessoas com ferimentos leves e um morto. A extra-oficial, nunca apurada por se tratar do tempo da ditadura -, aponta que mais de 100 operários teriam morrido.
Na Bahia, 179 municípios não registraram nenhum veículo jornalístico local em 2022, de acordo com o levantamento “Atlas da Notícia” do Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor). Apesar do número alto, a Bahia, proporcionalmente, é o estado nordestino com menor quantidade de “desertos de notícia”, com 57,07% das cidades com veículos jornalísticos. A Bahia, ao todo, registra 824 canais de informação registrados em atividade.
O Rio Grande do Norte foi quem atingiu o maior percentual de municípios com ausência de jornais do Nordeste, chegando a aproximadamente 80%. Os nordestinos possuem a segunda região com a maior proporção de desertos de notícia, com 62,4% das cidades. A liderança fica com o Norte, que chega a 63,1%.
A região baiana que registrou a maior quantidade, tanto numericamente quanto proporcionalmente, de municípios sem veículos jornalísticos foi o Vale do Jiquiriçá. Das 20 cidades localizadas no trecho baiano, 13 (65%) não registraram nenhum canal de informação local para os residentes da região. Ao todo, somou 10 veículos jornalísticos cadastrados, dentre os quais está o parceiro do Bahia Notícias, Blog Marcos Frahm.
Algo observado na pesquisa é: os municípios que possuem o menor número de habitantes, normalmente, são mais propensos a serem desertos de notícia. No caso do Vale do Jiquiriçá, dos 13 municípios sem veículos jornalísticos, 10 integram o ranking de menor densidade populacional da região.
Em um exemplo contrário, a Região Metropolitana de Salvador (RMS), que é a mais populosa da Bahia, foi a que menos registrou desertos de notícia, tanto numericamente quanto proporcionalmente. Das 13 cidades da RMS, apenas uma não registrou nenhum meio de informação local para a população, sendo o município de São Sebastião do Passé o “responsável”.
A região somou 114 veículos jornalísticos, sendo que Salvador, município mais populoso da Bahia, registrou 71, liderando a estatística no estado.
JORNAL ONLINE E RÁDIO DOMINAM A BAHIA
Sendo a única fonte de informação de 85 municípios baianos, o jornal online foi quem mais apareceu na Bahia. Ao todo, o Atlas da Notícia reportou 446 jornais digitais ao redor do estado, sendo o tipo de veículo com maior abrangência numérica.
O tradicional rádio aparece logo atrás, com a presença de radiojornais ao redor da Bahia. O rádio local, inclusive, é a única fonte de informação de 55 municípios baianos. No município de Quijingue, que já foi um deserto de notícias, foi criada a Rádio Quijingue que promove debates sobre demandas da população e entrevista autoridades locais.
O também tradicional jornalismo impresso registrou 76 jornais físicos locais diferentes ao redor da Bahia, aparecendo em 42 cidades baianas.
A Televisão foi quem menos registrou veículos locais, aparecendo apenas 31 vezes em 17 municípios diferentes. A única cidade que possui como “única” fonte de informação a TV é Dário Meira, por meio da Televisão Município de Dário Meira.
Confira o gráfico elaborado pelo BN com a quantidade e os tipos de veículos jornalísticos de cada município da Bahia:
Municípios de vermelho são “Desertos de Notícia”
Seabra aparece com duas rádios online e três veículos.
(Chapada News com redação do Bahia Noticias)