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SEABRA: Quem era Lindolfo, o jovem que perdeu a vida ao colidir com a motocicleta com animal na estrada do Velame. Hoje terá a missa de sétimo dia.

Era para ser mais um dia de alegria, dentro da normalidade, onde Lindolfo Martins, um jovem de 20 anos, logo pela manhã da sexta-feira (02), saiu do povoado de Velame, para a cidade de Seabra, trabalhou o dia todo, fez exames admissionais para ser registrado no dia seguinte, sábado e voltou para casa. Mas a noite estava apenas começando e tudo iria mudar.

No final do dia, por volta das 18h, Lindolfo retornou ao Velame, tomou um café com leite e um pedaço de bolo junto com sua mãe e voltou para a cidade de Seabra.

Corinthiano, apaixonado por futebol, Lindolfo aproveitou a noite da sexta-feira (2) para ir ao Ginásio de Esporte onde acontecia o campeonato municipal. Lá foi visto por muitas pessoas, aparece em vídeos, mas, estranhamente, seu semblante é de tristeza. Estaria ele tendo uma premunição do que viria acontecer?

Lindolfo então é visto mais tarde, por colegas, em uma Adega, com uma garrafinha de água na mão. E apesar de gostar de tomar cerveja, nesse dia ele consumiu apenas água. Na Adega, estava em companhia de um colega chamado Anderson e um outro amigo, que por trabalhar viajando, resolveu ir embora para o Velame mais cedo, deixando os colegas para trás.

Algo estranho já se desenhava no caminho do Velame nessa noite. O amigo viajante que veio na frente, mandou mensagem para o Anderson avisando que na estrada, duas pessoas tentaram pará-lo no intensão de assalta-lo, e além disso, tinha animais soltos na pista, justamente nas proximidades onde iria acontecer o acidente. Pediu para que eles ficassem alertas.

Esse alerta pode ter mudado o curso daquela noite? Pode ter sido determinante no resultado da morte do jovem Lindolfo? A família acredita que ele ficou preocupado com os assaltantes e com os animais na pista, e por isso, sofreu o acidente. O certo é que, de fato, animais na pista tiraram sua vida precocemente e de forma estúpida.

Lindolfo era um jovem apaixonado por motocicleta, mas ainda não tinha a sua própria moto. Aprendeu a pilotar recentemente, mas já pilotava com muita destreza. No dia do acidente, estava com a motocicleta de um colega com outro amigo na garupa, e em outra motocicleta estava o amigo Anderson também com um garupa.

No momento do acidente, o amigo Anderson desmaiou e não se lembra de muita coisa, porém, diz que tem flashes de estar com a cabeça de Lindolfo em seu colo e de vê-lo se debater em suas mãos.

Lindolfo e os amigos, sofreram o acidente por volta das 2 horas da madrugada de sábado. E como era feira em Seabra, muitos feirantes e compradores estavam se deslocando para a cidade e foram essas pessoas que os socorreram e levaram para o Hospital Regional da Chapada, onde deram entrada por volta das 2h45. Lindolfo perdeu a vida, os demais amigos ficaram feridos sem gravidade.

A morte do Jovem Lindolfo deixou toda uma população em luto. O povoado de Velame chorou sua morte, prestou homenagens e ainda segue estarrecida com sua partida.

Filho caçula de pais separados, morava com a mãe, Juvenita Justiniana de Souza (conhecida do Dodó) e um irmão, Alessandro Martins, que no dia do acidente, chegou a pedir para Lindolfo não ir para Seabra. Seu pai é conhecido como Deir.

Filho obediente e educado, sempre avisava à mãe e aos avós quando chegava em Velame. A prima Isabel lembra do cuidado que ele tinha em deixar os familiares tranquilizados.

“Sempre que chegava e precisava passar direto para ir cortar o cabelo, ele, que vinha de moto com um colega, passava em frente à casa e gritava “cheguei” para que nossa vó soubesse que ele já estava aqui”, relembra Isabel.

Além disso, era cheio de amigos e amante de babas, músicas, baladinhas. Era um jovem pulsante.

“Tinha uma caixinha de som que trouxe de São Paulo, onde ele trabalhou, e todo santo dia ele ligava essa caixinha, levava para o banheiro e lá ficava ouvindo suas músicas preferidas. Ainda enchia a casa de amigos e me pedia para vir fazer macarrão para eles”, relembra Isabel.

“Ele amava jogo. Chegava no Velame cansado do trabalho, tirava a roupa colocava o shortinho, a meia no pé e a chuteira e ia para a quadra, que agora serviu para fazerem uma homenagem para ele”, conclui a prima, com o choro na voz.

A morte precoce de um jovem é a morte precoce de sonhos de uma sociedade. Agrava mais ainda a forma como esse jovem perdeu a vida: animais soltos na pista. Não é o primeiro acidente dessa forma na Chapada Diamantina, e infelizmente não será o último. É preciso que os donos desses animais se conscientizem do perigo desses bichos soltos. É preciso que animais não sejam causadores de mortes dessa forma e que também perdem suas vidas. É hora de respeito, de responsabilidade, de ação.

A missa de sétimo dia irá acontecer nesta sexta, (09) as 19:30h da noite, na igreja Bom Jesus do Velame.

Chapada News

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