O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, nesta quinta-feira (27), os dados do Censo Demográfico 2022 relativos à população quilombola em território brasileiro. O levantamento censitário gerou, pela primeira vez na história do país, estatísticas oficiais sobre esse grupo étnico, divulgadas em parceria pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Abaixo são apresentados os principais resultados para a Bahia, uma síntese referente à população, aos domicílios e aos territórios quilombolas no estado. A autodeclaração se constitui no critério para a identificação da população quilombola, pessoas de ancestralidade negra que desenvolveram modalidades específicas de territorialização.
Os dados do Censo 2022 revelam que a Bahia tem a maior população autodeclarada quilombola do país, com 397.059 pessoas integrando esse grupo étnico. Isso significa que, no estado, residem aproximadamente três de cada 10 quilombolas brasileiros. No país como um todo, em 2022, pouco mais de 1,3 milhão de pessoas se autodeclararam quilombolas. A Bahia, por sua vez, se revela como o estado com o maior número de domicílios particulares permanentes ocupados em que ao menos uma pessoa se autodeclara quilombola (149.287 domicílios).
Em termos relativos, o Censo revela que as pessoas que se autodeclaram quilombolas representam 2,81% da população baiana, superando o índice nacional (0,65%). Dentre as unidades da Federação, utilizando esse mesmo critério, a Bahia está atrás apenas do Maranhão, estado onde os quilombolas constituem 3,97% da população. Em percentual de domicílios particulares permanentes ocupados em que ao menos um morador se autodeclara quilombola, novamente, a Bahia (2,93%) supera o índice nacional (0,65%) e apresenta percentual inferior somente ao encontrado no Maranhão (4,20%).
Metade dos 10 municípios brasileiros com mais quilombolas se localiza na Bahia. De fato, em 2022, havia presença de quilombolas em 308 das 417 cidades do estado (73,9% do total). Em termos absolutos, Senhor do Bonfim (15.999 pessoas) e Salvador (15.897 pessoas) são os municípios do estado e do país com mais quilombolas. De forma relativa, por outro lado, o município baiano de Bonito foi o único a figurar no ranking das 10 cidades brasileiras com as maiores proporções da população autodeclarada quilombola no contingente total (50,28%), ocupando a quinta posição no país.
Entretanto, apesar de contar com a maior população quilombola em números absolutos e a segunda maior em termos relativos do país, a Bahia apresenta o terceiro menor percentual de quilombolas residindo em áreas oficialmente delimitadas do Brasil (5,23%). No estado, apenas 20.753 deles moravam em algum dos 48 territórios enquadrados em alguma etapa do processo de delimitação formal. O município de Bom Jesus da Lapa se notabiliza com o maior número absoluto (3.757 quilombolas) vivendo em territórios delimitados. De maneira relativa, Malhada é o município que mais se destaca, com 82,38% da população quilombola habitando territórios formalizados.
Ainda segundo o Censo 2022, o território quilombola de Tijuaçu, localizado entre os municípios de Senhor do Bonfim, Filadélfia e Antônio Gonçalves, é aquele onde se contabiliza a maior população de quilombolas (2.865 pessoas) em áreas com algum processo de delimitação e titulação em curso do estado.
A equipe técnica da Diretoria de Pesquisas da SEI reforça a importância das informações para a elaboração, o monitoramento e a avaliação de políticas públicas.
Fonte: Ascom/SEI