As atividades de produção científica tomaram conta da comunidade escolar de Seabra, na Chapada Diamantina, no dia , 19/10, por meio da Mostra de Conhecimento, Linguagens, Ciência e Tecnologia, promovida pelo Colégio Estadual de Seabra (CES Tempo Integral). A escola, que atende em torno de 1300 alunos, entre estudantes da sede e de duas escolas anexas, sendo uma delas de predominância de alunos quilombolas, provou que a educação básica está bem afiada quando se trata do estudo e da produção de conhecimento na área de ciências.
A mostra é um evento de realização anual que, neste ano, ocorreu na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), a partir da adesão da escola à edição, que tem como temática geral Ciências Ambientais para o Desenvolvimento Sustentável. O CES foi uma das 204 instituições cadastradas na SNTC, das quais apenas 11 são baianas. Presente ao encontro, o chefe de gabinete da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado (Secti) Marcius Gomes ressaltou a importância da educação científica para os jovens. “A provocação desse ano é justamente fazer com que nossos jovens se aproximem do tema e possam pensar a partir do seu lugar e das suas relações a importância da ciência.”
Para a realização da mostra, o CES contou com o apoio da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Universidade do Estado da Bahia (UNEB), do Instituto Federal da Bahia (IFBA) e do Governo do Estado, através de edital promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). As universidades promoveram algumas das oficinas e palestras oferecidas para a comunidade no espaço da escola.
Para o diretor do CES, Celsino Teixeira, a participação das universidades em um evento produzido pela escola no ambiente escolar é uma mudança de paradigmas. “É um fato importante, primeiro por estarmos participando desse evento nacional pela primeira vez, mas especialmente por estarmos sediando. Antes, era de praxe que as universidades sediassem os eventos e nós, da educação básica, levássemos os alunos como ouvintes. Pela primeira vez, estamos como protagonistas, recebendo as universidades.”
Em concordância com essa perspectiva, o professor de física Gilson Cruz acrescenta que a universidade não é o único espaço de produção científica e que as escolas, cada vez mais, precisam estar preparadas e renovadas para lidar com as novas tecnologias. Ele veio de Salvador especialmente para oferecer a oficina de Robótica e Arduino.
As tecnologias sociais associadas à agroecologia também tiveram espaço no evento, por meio de uma oficina ministrada pelo representante da equipe técnica da Secretaria de Educação de Boninal, Emílio Marques. Na ocasião, os estudantes puderam aprender a fazer o microaspersor de palito de pirulito, uma alternativa simples e de baixo custo para irrigação.
Outras instituições de ensino públicas e privadas, tanto de Seabra quanto de outros municípios, além da comunidade em geral, puderam conferir as apresentações das pesquisas dos alunos, além de uma série de atividades entre palestras, oficinas, exposições artísticas, cine-ciências e rodas de conversa com autores de livros e artistas locais. Além disso, um curso de saúde bucal, uma oficina de plantas alimentícias não convencionais (PANCS) e uma feira agroecológica com produtos de agricultura sustentável foram realizados.
Janaina Barros é coordenadora pedagógica na escola e celebra a mostra como um momento único em que os estudantes têm a chance de compartilhar o conhecimento adquirido, dando sentido aos saberes que estão sendo consolidados. Ela divide a coordenação com a educadora Maria Joselma Noronha, que concorda: “Este é um evento que promove, também, o fortalecimento cultural da nossa região que já é conhecida pelos atrativos turísticos, mas que precisa alargar os horizontes.”
A educadora foi a responsável pela inscrição do CES no edital, que ainda beneficiou outros três municípios da região: Andaraí, Lençóis e Iraquara. Cada município inscreveu seus projetos a partir do que foi desenvolvido com os estudantes. De acordo com Joselma, com as parcerias estabelecidas neste ano, há possibilidades de, nas próximas edições, a mostra envolver outras escolas e ter uma maior participação da comunidade.
Com informações de Ananda Azevedo