CN

Pesquisar

Chapada: Caso Ivanildo Macário avança, mas segue sem solução. Família de desaparecido acredita em assassinato.

O que era para ser um Natal comum na família Macário, conhecida na região da Lagoa da Boa Vista, em Seabra, virou um drama familiar que já dura 14 meses e segue sem solução. O desaparecimento de Ivanildo Macário, lavrador, pais de dois filhos, ocorrido em dezembro de 2022, atormenta parentes e amigos que, a essa altura, já estão convencidos da morte do homem. 

Diversos indícios descobertos pelos advogados contratados pela família para investigar o caso e relatados em entrevista ao Jornal do Meio Dia, levam a crer que Ivanildo foi assassinado e o inquérito já instaurado traz como suspeito um dos seus colegas próximos. De acordo com essas informações, o homem, que frequentava a casa da família e fazia parte do rol de amigos de Ivanildo, foi o único que esteve com ele no momento do seu desaparecimento. 

No dia 22 de dezembro de 2022, familiares contam que os dois saíram para a região do Paieiro, a 27 km do povoado onde morava Ivanildo, em um convite feito pelo amigo. À família, Ivanildo avisou que iria voltar no dia seguinte para passar as festas natalinas, o que nunca aconteceu. Da pequena viagem, apenas o amigo de Ivanildo voltou, cinco dias depois, dizendo não ter informações do paradeiro do lavrador. À alguns familiares, contou que saiu cedo para catar coquinho e quando voltou Ivanildo não estava mais lá, a outros disse ter levado o amigo para atravessar uma ponte alagada após chuvas intensas na região e retornou à casa onde estavam, no Paieiro, sozinho.

FOTO: Divulgação acervo familiar.

Conforme conta o advogado, Dr. Ulisses Gomes, no inquérito instaurado, o agora suspeito reafirmou em depoimento a primeira versão, ignorando o fato de que 27 km separam a localidade onde estavam da casa de Ivanildo e também o fato de que os dois tinham combinado de voltar no ônibus escolar que faz o trecho entre os dois povoados, além da chuva torrencial que acometia a região no momento em que ele supostamente teria decidido voltar para casa a pé. Ele acrescenta que uma das maiores inconsistências do caso são os pertences da vítima, abandonados no local, incluindo o tênis que ele estava usando.

Contratado em São Paulo, Dr. Ulisses afirma que não há mais dúvidas de que Ivanildo tenha sido assassinado, mas o que compromete a investigação nesse estágio é a falta de materialidade do fato, já que o corpo não foi encontrado. Em entrevista ao Jornal do Meio Dia, ele compara o caso com o assassinato da modelo Eliza Samúdio ocorrido há aproximadamente 14 anos, crime que condenou o goleiro Bruno Fernandes a 22 anos e 3 meses de prisão por assassinato e ocultação de cadáver, mesmo sem ter sido encontrado nenhum vestígio do corpo da vítima.

Um agravante que leva a família e investigadores a crer que o amigo de Ivanildo seja o executante do seu suposto assassinato é o fato de a investigação ter descoberto crime similar pelo qual foi condenado no estado de SP, mas cuja pena prescreveu por não ter sido encontrado para receber a punição. Suspeita-se que ele veio para a Bahia para fugir do cumprimento da pena, que foi decretada em 2012 e prescrita há 3 anos. O homem negou o crime.

Essa informação, ao vir à tona, foi decisiva para uma outra testemunha decidir apresentar novos fatos para o inquérito. Trata-se do depoimento de uma pessoa que fazia parte do círculo de amigos tanto do desaparecido quanto do suspeito. Ele conta que, em uma reunião festiva, ele teria ficado violento e ameaçado matar Ivanildo à facadas por conta de uma garrafa de cachaça. Aparentemente, Ivonildo era alcoólatra e se reunia com esses colegas com frequência para beber.

FOTO: Divulgação acervo familiar.

Caso tenha cometido realmente o crime, o suspeito será acusado de premeditação, já que partiu dele o convite, feito apenas para Ivanildo, para passar o dia e a noite no Paieiro. Na casa onde estavam, os primeiros a fazerem o movimento de busca foram os voluntários Anjos da Chapada, além do grupamento de Bombeiros Militares de Lençóis. Na ocasião, 30 de dezembro de 2022, relataram a presença de 3 a 4 enxadas e pás sujas de terra, além de um machado aparentemente sujo de sangue. Ao levantarem o colchão, encontraram ainda uma espingarda e um facão, além de cápsulas de revólver. O suspeito confessou estar de posse de uma arma, aparentemente um revólver calibre 22 em seu segundo depoimento. Todos esses objetos haviam sumido quando a polícia chegou ao local, tendo sua existência comprovada por um vídeo registrado pelos brigadistas.

Apesar do suspeito negar veementemente o crime, à família não resta dúvidas de que Ivanildo esteja morto. Em uma diligência recente, nas proximidades da casa onde ele desapareceu, foi encontrada uma camisa enterrada, reconhecida pela filha de Ivanildo e levada à perícia para comprovação por DNA. O caso segue sendo investigado pela delegacia de Seabra e advogados particulares contratados pela família para tentar pôr fim a essa angústia que já se prolonga por 14 meses.

Ananda Azevedo – Chapada News, o portal de notícia da Chapada Diamantina.

Compartilhe

POSTS RELACIONADOS

plugins premium WordPress Pular para o conteúdo