As medidas eficazes de prevenção vêm antes do carro fumacê, conta a secretária de saúde.
Nesta segunda, 26, a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) confirmou a quarta morte por dengue no estado. Os registros do órgão dão conta de que, entre 1º de janeiro e 17 de fevereiro de 2024, houve um aumento de 21,7% nos casos da doença, em comparação com o mesmo período do ano passado.
No interior do estado, há 38 municípios em situação de epidemia, incluindo alguns municípios da Chapada Diamantina, como Ibitiara e Novo Horizonte, ambos da microrregião da qual pertence, também, a cidade de Seabra e mais oito municípios.
Em Seabra, embora haja “apenas” 51 casos notificados, a secretaria acredita que a situação está pior do que refletem os números oficiais. De acordo com Maiara Miranda, secretária de saúde, estão notificados 27 casos na zona rural e 24 na sede. Do total de casos, 7 foram confirmados pelo Laboratório Central (Lacen), 9 por exame em laboratório particular, 2 foram encerrados (quando exames clínicos comprovam a cura), 5 estão descartados e 28 estão em investigação. Dentre os casos confirmados, não há registro de dengue hemorrágica.
Maiara Miranda, secretária de saúde / Seabra
No entanto, apesar do número baixo, entre 14 e 26 de fevereiro, o aumento foi de sete casos para os 51 que estão registrados atualmente, um incremento considerável, conforme explica a secretária. Os bairros mais preocupantes são Boa Vista e Barro Vermelho, onde foram encontradas mais larvas do mosquito aedes aegypti e onde há mais dificuldade no acesso aos agentes de saúde. No bairro Vasco Filho, está a maior concentração de casos notificados e o bairro aparentemente mais controlado é o União.
A secretaria de saúde vem conduzindo com prevenção e conscientização o enfrentamento da doença. De acordo com a secretária, a subnotificação é um dos maiores problemas enfrentados pelo órgão, já que muitas pessoas com os sintomas da doença não realizam o exame. Com isso, o município vive um aparente quadro de tranquilidade, o que, na verdade, não reflete a real situação, dificulta a realização das campanhas de enfrentamento da doença e impede o recebimento de recursos para medidas mais incisivas, como o carro fumacê.
Sobre o fumacê, um dos maiores desejos da população de Seabra, Maiara explica que não se trata de prevenção e que as medidas de prevenção mais eficazes são aquelas realizadas pelas pessoas em suas residências. “Quando o carro fumacê vem ao município, quer dizer que o local já está vivendo um quadro de surto”, contou.
No caso das medidas que estão sendo tomadas pela secretaria, Eliana Pereira, que é coordenadora de endemias, conta que, de dois em dois meses, os agentes da saúde visitam a população para fazer a campanha de conscientização e corrigir problemas comuns como caixas d’água abertas, água parada exposta em vasos de plantas e outros recipientes, entre outros. Em muitos casos, ela conta que os moradores não recebem os agentes e, quando recebem, nem sempre agem de acordo com as orientações da secretaria. “Há casos em que até os aquários apresentam larvas”, conta.
Eliane Pereira, coordenadora de endemias / Seabra
Além de informativos em redes sociais, a secretaria está pleiteando a divulgação em carros de som e a ajuda dos médicos dos postos de saúde, clínicas e hospitais. “É preciso que os médicos orientem os pacientes com sintomas que, a partir do sexto dia, devem fazer o exame”, informou Maiara.
Em Seabra, o exame é ofertado pela secretaria de forma gratuita, no Centro de Saúde Aloísio Rocha, entre 7h30 e 10h30, diariamente. Não é necessário levar prescrição médica, apenas estar apresentando os sintomas há, no mínimo, seis dias.