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Vereador que denunciou verba da saúde para shows pode ser cassado, em Embu das Artes, São Paulo

 Único vereador de oposição à gestão Ney Santos (Republicanos) em Embu das Artes, na Grande São Paulo, Abidan Henrique (PSB) pode perder o mandato nesta quarta-feira (28/2), quando a Câmara Municipal votará sua cassação por falta de decoro.

A sessão foi marcada para iniciar às 10h e tem como pano de fundo denúncias de Abidan contra a Prefeitura de Embu por ter manejado quase R$ 2 milhões que seriam destinados à saúde para custear um festival, em setembro do ano passado, que teve apresentações de artistas como Wesley Safadão, Leonardo e a dupla Jorge e Mateus.

O vereador apresentou as denúncias para o plenário vazio da Câmara, no dia 4 de outubro, sem a presença de seus colegas. “Os vereadores foram em bando, embora, como ratos”, disse à ocasião. A frase foi o que levou à denúncia contra Abidan no conselho de Ética e desencadeou o processo de cassação.

“É inadmissível que tais palavras de ódio sejam aceitas como normais e aprazíveis entre nobres Edis eleitos pelo povo para representá-los. Se aceitarmos tais atitudes como ‘normais’, estaremos defendendo discursos eivados de desrespeito para com a sociedade”, diz a representação do conselho de ética.

Para Abidan, o processo apresentou “diversos equívocos e atrocidades”. Ao Metrópoles, ele relatou que, inicialmente, o presidente da Câmara não havia pedido sua cassação, mas sim uma advertência. A perda de mandato, segundo o vereador, foi determinada pelo conselho de ética da Casa.Play Video

“A comissão de ética, de maneira severa, aumentou a minha pena na canetada, mudou o enquadramento que estava estabelecido na denúncia inicial. Claramente eles manipularam o processo para que eu fosse cassado”, disse Abidan.

A Câmara de Embu tem 17 vereadores, sendo 15 deles da base do prefeito Ney Santos, um independente e apenas Abidan declaradamente de oposição. À reportagem, Abidan calcula receber 14 votos a favor de sua cassação, uma abstenção e um contrário, vindo do vereador Gideon Santos (Republicanos), que apesar de correligionário do prefeito se diz independente.

Procurada pelo Metrópoles, a Prefeitura de Embu das Artes não respondeu aos questionamentos da reportagem. O espaço segue aberto para eventuais esclarecimentos.

Vereador alega perseguição

Em fevereiro deste ano, Abidan fez novas denúncias contra a gestão Ney Santos e conseguiu, na Justiça, a suspensão de um show de Leo Santana que custou R$ 620 mil aos cofres públicos e foi pago antecipadamente. O vereador do PSB alegou gastos excessivos com o evento diante da carência de investimentos em áreas como saúde e infraestrutura. A cidade se encontra em situação de emergência desde 16 de janeiro por causa de fortes chuvas.

A Prefeitura conseguiu derrubar a decisão e o show ocorreu normalmente. Na semana seguinte, o processo de cassação de Abidan avançou na Câmara. “Atrocidades aconteceram na cidade e nada foi feito. A Câmara, inclusive, passou o pano, por assim dizer”, disse o vereador à reportagem.

Abidan citou como exemplo o episódio em que o vereador Renato Oliveira (MDB) foi detido em uma piscina no Rio de Janeiro, em janeiro de 2022, acusado de racismo. Na ocasião, Oliveira era o presidente da Câmara Municipal e não recebeu nenhuma punição.

O vereador do PSB também citou a ficha corrida do prefeito Ney Santos, que em seu segundo mandato acumula uma série de investigações na Justiça por acusações como ocultação de bens, compra de votos e ligação com o PCC. Ele chegou a ter o mandato cassado duas vezes, em 2018 e em 2022, mas em ambos os casos conseguiu suspender as decisões na Justiça.

“A Câmara de Embu tem um histórico que é nefasto, ela fechou os olhos para várias atrocidades e agora, no meu caso específico, criou um objeto para pedir a minha cassação”, disse Abidan.

“A nossa avaliação é que claramente o prefeito quer se vingar, por conta das denúncias que eu fiz, tanto do Wesley Safadão como do Leo Santana, cassando o meu mandato, tentando de alguma forma me intimidar, me punir por fazer o meu trabalho, que é fiscalizar o poder executivo”, afirmou o vereador.

Com informações do Metrópoles

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