Movido pelo intuito de divulgar o potencial da região para o montanhismo e trilhas de aventura, o montanhista Orlando Barros identificou, mapeou e subiu todos os 28 cumes e subcumes acima de 1800 metros de altitude na Bahia, incluindo o Pico do Barbado, o mais alto de todo o nordeste brasileiro.
A partir de quatro anos de estudo dos mapas, imagens de satélite e da demarcação de todos os seus pontos de interesse, como cachoeiras, picos, locais propícios para acampamento, mirantes, entre outros, o baiano realizou o feito, inédito até então. A escolha pelas montanhas de 1800m ou mais, ocorreu devido à delimitação dos cumes e os desafios que representariam. O montanhista descobriu e incluiu outros cumes que não estariam representados na cartografia local.
De acordo com Orlando, atualmente, os equipamentos geodésicos trazem maior precisão no cálculo da altura dos cumes e montanhas. “Peguei mapa, imagem de satélite, GPS , GPS de vários amigos e tabulei o que era e o que não era montanha pelo estudo da proeminência. Na carta, identifiquei nove montanhas acima de 1900m, o que era o meu interesse inicial. Mas em um ano já tinha visitado oito, e essa última, que fica mais distante, visitei no ano passado”, conta. A partir daí, resolveu ampliar o desafio, incluindo em torno de 18 a 20 montanhas com 1800m ou mais de altura.
Orlando contou com a ajuda de guias da região e de moradores que o ajudaram a identificar, nomear e conquistar cada um dos picos. Ele relata que é difícil encontrar as montanhas pelos nomes, já que não há consenso entre os guias e moradores na denominação de cada uma. Alguns picos foram batizados pelo próprio Orlando ou guias companheiros. “Como sou google guide, coloquei alguns nomes no google, como o Pico do Escorrido, da Prateleira, da Lapa Grande, entre outros”, contou. Segundo o montanhista, normalmente, leva um tempo, muita pesquisa e consulta à comunidade local para a definição do nome das montanhas.
Orlandinho, como é conhecido entre os guias e atletas do montanhismo, conta que a pesquisa, preparo físico, equipamentos específicos para trilha e eletrônicos como celulares, baterias e lanternas são essenciais, mas a experiência é o requisito mais importante para esse tipo de trekking. “A pessoa precisa saber como lidar com a chuva, com o vento, onde armar a barraca, entender de meteorologia e observar o clima”.
Mesmo com tanto preparo, alguns desafios aparecem no caminho e a experiência ajuda a entender, também, quando não prosseguir. Em um dos trekkings, ele e alguns amigos fizeram várias tentativas de localizar a passagem para um dos cumes e, sem sucesso, resolveram voltar. Na descida, já havia anoitecido e estava chovendo quando ele caiu. “Em uma queda besta, bati minhas costelas numa pedra, a dor foi forte, mas continuamos andando, dormi mal na barraca, passei mais um dia e uma noite na trilha e, ao chegar em casa com muita dor, descobri que estava com duas costelas quebradas e um pulmão perfurado”, relatou.
Mesmo com os perrengues, Orlando, que completou 58 anos, diz que pratica o montanhismo há aproximadamente 25 anos e que deseja contribuir ainda mais com o desenvolvimento do trekking técnico na Bahia.
Sem objetivos comerciais, seu propósito maior é divulgar o potencial do montanhismo de altitude no estado e, com isso, chamar a atenção para a preservação destes locais e estimular a visitação de municípios da Chapada Diamantina como Rio de Contas, Abaíra e Piatã. “A parte sul da chapada, onde se encontram as altas montanhas baianas, precisa ser mais divulgada e conhecida, afinal, a Bahia não é só feita de praia, mas também de um mar de montanhas”, destacou.
Ananda Azevedo – Chapada News, o portal de notícias da Chapada Diamantina