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Motoristas de app suspendem corridas em Salvador para protestar contra PL

A manifestação aconteceu em frente à Assembleia Legislativa e faz parte de uma paralisação nacional

Cerca de 500 veículos, incluindo motos e carros, se reuniram nesta manhã (26) em frente à Assembleia Legislativa da Bahia, Centro Administrativo da Bahia, para protestar contra a o PLP 12/2024, conhecida como PL do “trabalhador autônomo por plataforma” que irá diminuir o valor diário recebido pelos motoristas.

A concentração teve início às 8h30, mas os trios elétricos só chegaram por volta das 10h. Entoando mensagens contra a medida apresentada pelo governo do presidente Lula que busca criar a figura do “trabalhador autônomo por plataforma”. O movimento, sem afiliação política, busca lutar contra a imposição de uma medida sem ter tido um diálogo com a categoria sobre suas demandas.

“Com essa PLP, os motoristas aqui vão ficar mendigando com latinha ou vão largar a profissão”, relatou Amarildo da Silva.

O motorista de aplicativo estava trabalhando como frentista há sete anos quando viu uma oportunidade com a chegada da Uber em Salvador, atualmente é sua única fonte de renda e ele roda cerca de 180 quilômetros diariamente para não sair no prejuízo e conseguir ter o mínimo de lucro. Segundo o motorista, o pagamento por quilômetro rodado baixou de R$ 2,45 para R$ 1,00 e com a medida tende a baixar mais. A PL limita o trabalho do motorista para ser até 12 horas diárias, obtendo no máximo R$ 394,80.

Entre os motoristas presentes, foi quase unânime a média de 150 reais de custos diários com gasolina, manutenção do carro e alimentação. “Para um motorista hoje tirar livre 200 reais ele tem que fazer pelo menos 320, 350 quilômetros. Para ter 350 reais, ele tem que trabalhar pelo menos 12 horas seguidas, sem pausas”, contou Vinicius (Vic) Passos, presidente da Cooperativa Mista de Motorista e Mototaxistas por Aplicativo do Estado da Bahia (Coopmmap).

Com preços dinâmicos chegando a até R$3,00 nos aplicativos Uber e 99, o engarrafamento não foi o único fator que atrasou os soteropolitanos nesta terça-feira (26). O planejado, segundo Vic Passos, é de que os motoristas mantivessem seus aplicativos fechados até às 14h.

“Acredito que a gente deve ficar com os aplicativos fechados até umas 17 horas. Se preparem para o pior, a previsão é de mil carros aqui na Balança do CAB”, alertou Vic após a chegada dos companheiros na mobilização.

O presidente ainda relata que são mais de 36 mil motoristas por aplicativo apenas na cidade de Salvador e mesmo que a maioria não se faça presente, eles estão aderindo da maneira que podem. Seja desligando o aplicativo ou fazendo presença no ato, o presidente afirma que a categoria busca uma remuneração digna e o direito de poder definir sua carga horária de trabalho.

O trânsito de Salvador sentiu o movimento em direção ao CAB, pois os motoristas tomaram duas faixas de trânsito desde a Arena Daniela Mercury até chegarem ao seu destino. Influencers como Atan Gama e Cláudio Sena registraram a movimentação em suas redes sociais.

A chegada na Assembleia Legislativa foi ao som das buzinas e debaixo de chuva. Um dos trios elétricos entoava um clamor: “motorista de APP erga a cabeça, juntos vamos lutar com força e destreza”. A mobilização acontece em todo o país de forma simultânea, com manifestações em diversas capitais do país para trazer reconhecimento ao problema que a PL irá trazer aos motoristas de aplicativo.

A medida prevê uma reforma das relações entre as plataformas e os condutores, no entanto não prevê vínculo empregatício entre motorista e empresas, mas estipula um valor mínimo de remuneração por hora de corrida e carga horária máxima, prevê obrigatoriamente a contribuição para a Previdência Social e determina a negociação via acordos coletivos – ou seja, via sindicatos.

Embora o PLP 12/2024 só preveja regras para os motoristas de aplicativo com carro, também estavam presentes no ato entregadores por aplicativos e motociclistas, já que são as categorias que, segundo sinalização do governo federal, serão as próximas a ter uma proposta de regulamentação.

Quando procurada, a assessoria da Uber pediu para que o pedido fosse encaminhado para a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) que retornou afirmando que respeita o direito de manifestação “e reafirma sua disposição para o diálogo”.

A 99 foi procurada, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem.

Fonte: Correio | Foto: Yasmin Oliveira

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