Moradores afirmam que o problema ocorre pelo segundo ano consecutivo
Jucelino Guimarães Costa, agricultor de Palmeiras, teve apenas uma semana para comemorar uma grande colheita na roça que abastece a sua família e seu pequeno restaurante no Vale do Capão. Na semana seguinte, em vez de planejar o novo plantio, ele se juntou a outros moradores e agricultores da região para tentar conter uma ameaça: uma infestação de gafanhotos nas plantações.
Moradores e agricultores do povoado de Pecuária relatam estar sofrendo com a infestação que já chega a povoados do entorno e há indícios que tenham ultrapassado os limites do município. De acordo com a população, os insetos estão destruindo as plantações e áreas de mata nativa, em velocidade crescente e impactando quem vive da agricultura na região.
“Estamos numa situação de calamidade, pedindo socorro a qualquer órgão que possa nos ajudar porque essa praga veio pra destruir tudo. A cada ano, ela está crescendo cinco, seis, oito vezes a mais que o ano anterior e aí ele destrói tudo que for verde, só não come e rói as madeiras e a terra, mas o solo eles usam pra deixar a sua desova e aí cada vez a situação complica mais”, relatou Jucelino.
De acordo com a população local, as famílias que dependem do plantio para sobrevivência já estão desamparadas, eles relatam que a infestação afeta todas as culturas, como milho, feijão, e que algumas famílias já estão desistindo de realizar o plantio até que a situação seja resolvida.
A filha de Jucelino, a arte-educadora e técnica em meio ambiente Jucilene Santos Costa, relata a tristeza que sente ao ver as famílias desesperadas pela perda das suas roças. “Sou filha de agricultores, entendo a realidade das pessoas que vivem da terra. Muitas famílias locais estão desamparadas, são famílias que dependem da terra para sobrevivência. Eles produzem os alimentos e comercializam, principalmente, nas comunidades vizinhas”, contou.
Ela é responsável por tentar, voluntariamente, contactar órgãos públicos e imprensa, a fim de obter ajuda para essa questão que, segundo a técnica, se configura como um grande desequilíbrio ambiental. Ela conta que tentou ajuda por meio da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri), mas que o órgão pede documentos oficiais, que só podem ser passados pela gestão municipal.
A Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura de Palmeiras ainda não se manifestou oficialmente sobre o caso, mas o técnico em agricultura Delisvaldo Sena dos Santos, responsável pelo Departamento de Agricultura da secretaria informou, em conversa com o Chapada News, que já estão cientes do problema e traçando um plano para combater a praga.
De acordo com Delisvaldo, o primeiro passo é entender o tamanho da devastação, constatando se outros municípios também estão sendo atingidos e entrar em contato com a Seagri para receber as orientações específicas do órgão. Ele acredita que, se outros municípios próximos estiverem com o mesmo problema, a solução terá que ser uma ação coordenada.
O secretário de saúde Salvio Leão, em entrevista a um canal de notícias, confirmou a presença da infestação em outras regiões de Palmeiras e afirmou que a secretaria já entrou em contato com agentes e está aguardando informações.
Enquanto isso, a população da Pecuária e dos povoados do entorno cobra a celeridade na resolução do problema. “Pedimos ação rápida do poder público, porque os gafanhotos são muito rápidos, estão devorando tudo”, destacou Jucilene.
Praga migratória
Os gafanhotos são conhecidos pelo alto poder destrutivo, e, por causa disso, são considerados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura como “a praga migratória mais destrutiva do mundo”.
Ananda Azevedo – Chapada News, o portal de notícias da Chapada Diamantina