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Palmeiras: analista ambiental do ICMBio lança seu primeiro romance inspirado pela força dos brigadistas da Chapada Diamantina

Contra Fogo, do biólogo e escritor Pablo Casella, foi lançado pela editora Todavia.

O analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Pablo Casella, que atuou durante duas décadas no Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD), tem muito a falar sobre as técnicas de trabalho em uma unidade de conservação. No entanto, detalhes que foram chamando a sua atenção nesses vinte anos de ofício e ativismo revelaram uma outra face do analista, a de escritor.

Mas não a do escritor técnico, baseado em didática e índices, mas de alguém que pôde ver a beleza na dureza que se impõe na dinâmica brutal dos incêndios florestais da Chapada Diamantina.

Na força dos brigadistas, estão as histórias e emoções que ele reconhece e que são base para a história de ficção que acaba de chegar às livrarias e será lançado neste sábado, 13, na cidade de Palmeiras, onde Pablo ficou lotado por todo esse tempo antes de se transferir para outra região, no sul da Bahia.

Ao chegar na cidade, ele conta que esteve no combate por algum tempo, mas que depois passou a cuidar dos aspectos logísticos que garantiam que os combatentes diretos do fogo tivessem os recursos necessários para esse trabalho árduo e essencial para a região.

Desse período e dos muitos incêndios que vivenciou junto ao corpo de brigadistas do ICMBio e das brigadas voluntárias das cidades diretamente ligadas ao PNCD, foi surgindo a ideia de materializar essas histórias através de um romance que pretendia dar visibilidade a esse universo, desconhecido fora dos limites do Parque.

Contra Fogo nasceu na pandemia, com a responsabilidade de ser o primeiro livro de Pablo e o desafio de ultrapassar o conforto da técnica e se entregar à arte da literatura. De acordo com Pablo, o livro é uma “obra de arte com múltiplas possibilidades de interpretação.” 

O grande drama dos incêndios florestais ambienta a história que buscou, por meio de um personagem fictício, explicitar questões emocionais e psicológicas de quem atua no combate ao fogo. Para isso, o personagem principal dá vida a uma série de acontecimentos que contribuem para que se entenda de onde vem a força e a abnegação desses combatentes, muitas vezes voluntários, que dedicam tempo e arriscam suas vidas à debelar os incêndios que assolam o parque.

“Houve um momento em que o exercício foi especular o que poderia levar um brigadista hipotético, que não é alguém específico, são vários que eu conheço, a ser tão abnegado, tão entregue nesta causa, muitas vezes em detrimento da vida pessoal, familiar, econômica. A história foi uma tentativa de especular uma motivação. Mas tenho certeza que são muitas”, contou Pablo.

O autor ainda explica que a causa do fogo também mobiliza muitos brigadistas como ação validada socialmente que os dota de respaldo e reconhecimento nas suas comunidades. “Vemos pessoas de diferentes realidades sociais, econômicas, pessoas da zona rural ou de vilarejos que, naquele momento, mostram autoridade, além de receberem o reconhecimento de estar fazendo algo nobre pelo bem comum, o que é raro de perceber em nós mesmos no mundo atual”, defendeu.

Nas cidades diretamente ligadas ao Parque Nacional, existem em torno de 19 brigadas autônomas, além das brigadas do ICMBio e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). De acordo com Pablo, são aproximadamente 400 brigadistas nessas diversas agremiações. E o livro bebe dessa diversidade entre as pessoas que as compõem, partindo das trocas entre o autor e todos esses que puderam ser suas inspirações para a criação do personagem principal.

“Durante todo o período da escrita estava aqui sobre meu ombro um brigadista arquetípico, escrevi o livro desejoso que ele lesse. Se o livro traduz a realidade? Quero que as percepções dos brigadistas me digam isso. Conheço muitos intimamente, convivendo dias e horas contínuas, então eu tentei traduzir muito do que eles falavam no texto, mas vamos esperar para eles darem esse veredito.”

O lançamento não terá formalidades literárias, será uma apresentação do livro, como ele prefere chamar, e será inspirada nas festas populares da região. “Uma festa de rua bem a nossa cara”, detalhou o autor que também pretende entregar um exemplar como doação para cada uma das brigadas.

Fotos: Divulgação / Brigada em combate: Reprodução Facebook BRAL

Ananda Azevedo – Chapada News, o portal de notícias da Chapada Diamantina

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