Em uma entrevista reveladora e não menos impactante dada à Nerisvaldo Sobrinho e veiculada na Rádio Nova FM, no dia 03 de outubro, a atual Diretora do Hospital Frei Justo Venture, veio a público esclarecer alguns pontos levantados anteriormente numa carta aberta feita pelos funcionários desse Hospital onde citam atrasos de salários, de 13º salários, de FGTS, de vendas de terrenos, entre outras reclamações. Nessa carta, os funcionários avisam à sociedade que nesses próximos dias pode ser deflagrada uma greve, devido à situação precária em que se encontra essa unidade.
A Diretora Dalvinha, então ciente da carta, esclareceu em entrevista que desde que assumiu a instituição em 13 de maio de 2015, percebeu que o Hospital estava em profunda crise financeira, devido à problemas das gestões anteriores. Esclareceu que os atrasos dos últimos 3 meses (julho, agosto e setembro) são devido aos bloqueios feitos pelo Governo do Estado e a SESAB (Secretaria de Saúde da Bahia) desde maio de 2016 até a presente data, com o intuito de realizar uma auditoria que até agora não tem se quer data de início. Com isso, os médicos e demais funcionários estão recebendo apenas 40% de seus salários. “Como repartir salário mínimo de funcionário? É doído, é doído. São pais e mães de famílias, e são funcionários que dão o sangue pelo Hospital”. Ressente Dalvinha. Entretanto, Dalvinha categoricamente esclarece que os compromissos de sua gestão estão honrados. O 13º de sua gestão está pago, pagamentos judiciais estão parcelados e pagos, tais como, o FGTS atrasado de 2004 onde a justiça estipulou o pagamento de R$ 763.000,00, valor esse que a Diretora parcelou em 60 meses e mantem as parcelas em dias. Além disso, mais dois INSS atrasados de R$ 78.000,00 que também foram parcelados em 60 meses, estão devidamente com parcelas em dias. Com tantas dívidas judiciais, Dalvinha, explica ser esse o motivo dos atrasos dos salários dos funcionários. Ela, assume que os 13º salários de 2013 e 2014 não foram pagos ainda.
Em relação à venda de terreno mencionada na carta, a Diretora é categórica em afirmar que ela não compactuou com tal venda, pois quando chegou à Instituição a venda já havia acontecido. E esclarece que todo o terreno do Village (condomínio nos fundos do Hospital) já está vendido. E revela uma triste situação do Hospital: “Não posso nem falar agora, pois ainda terei reunião com a direção, mas já posso lhe afirmar que o Hospital Frei Justo Venture está todo penhorado. Eu não ia falar, mas acho injusto”.
Dalvinha disse que os Associados do Hospital ainda não têm conhecimento da venda do terreno e nem da penhora do hospital, mas nessa quarta-feira (05/10) terá uma reunião com toda a diretoria para tratar de todos esses problemas.
A Diretora se mostra imensamente emocionada ao relatar as dificuldades encontradas na sua gestão. Lembra que entrou desacreditada, e que em seguida os funcionários acionaram a Justiça, mas ela conseguiu pagar todos os processos. Logo veio a Vigilância Sanitária querendo fechar o Hospital, mas sua gestão conseguiu cumprir as exigências, na medida do possível, e manteve o Hospital de pé. Depois, apareceu outro obstáculo: médicos que antes trabalharam no Hospital, começaram a emitir cartas dizendo que algumas cirurgias não podiam ser realizadas no hospital. Não quis revelar nomes nem a quantidade de médicos que fizeram tais alegações. Porém, insistiu em afirmar que são cartas mentirosas, pois o hospital pode sim, realizar todas as cirurgias.
Ainda foi questionada sobre as dificuldades que alguns funcionários encontraram ao fazer empréstimos junto à Instituições Financeiras, por conta da situação do Hospital. Ela confirma que, de fato, existe sim esse entrave e tem até pessoas com problemas no Serasa por contas de pendências de 2013.
Ainda, reconhece que existe uma redução drástica no quadro de funcionários, mas não vê possibilidade de aumenta-lo devido à essas contenções de despesas.
Dalvinha, usando de toda sinceridade e honestidade, informou à população que não há médicos à noite de segunda a segunda. O que existe é um sobreaviso de segundas, terças e quintas. Quando solicitado, o médico comparece para atender. E reforça: mesmo sem salário.
E numa última revelação, a Diretora informa que há um bloqueio de dinheiro no Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal de R$ 114.000,00, referente ao não pagamento do FGTS antigo dos funcionários, determinado pela Justiça Federal, Vara de Irecê. A mesma apelou para todos, até para o Bispo da Diocese de Irecê, no intuito de desbloquear tal valor, mas esse dinheiro ainda continua sob bloqueio.
Destaca que fez milagres na sua gestão, que já se somam 1 ano e 4 meses. Conseguiu instituir, por exemplo, alimentação para todos os acompanhantes de pacientes, principalmente os vindos da Zona Rural. Ninguém fica sem comer. Além de honrar pagamentos de dívidas anteriores à sua administração. Crê que os seabrenses tenham percebido o antes e depois do Hospital, dentro da sua gestão.
Foi questionada sobre uma “Caixa Preta” existente no Hospital (são documentos de fatos acontecidos anteriormente), a qual se vier à tona poderá trazer grandes revelações e sujaria muitas pessoas, segundo os funcionários, Dalvinha diz não ter conhecimento de tal Caixa Preta, mas que o papel dela, como Diretora é resolver os problemas do Hospital e que nessa próxima reunião com todas da diretoria tudo será analisado.
E fecha a entrevista fazendo um apelo ao futuro Prefeito eleito de Seabra, Fábio Miranda, para que ele use da amizade que tem com o Governo do Estado e consiga o desbloqueio desse dinheiro, pois se isso não acontecer, o Hospital fechará: Suas palavras: “Porque se isso não acontecer, sou obrigada a falar que, realmente, o Hospital Frei Justo Venture, vai ser fechado”. E clama por ajuda, diz que o Hospital Frei Justo Venture não pode ser fechado, é um patrimônio feito pelo povo, é um nome que requer respeito: Frei Justo Venture (Padre e engenheiro responsável pela construção do Hospital, hoje vivendo na Itália).
Fortemente emocionada, Dalvinha conclui que está sofrendo só, são noites mal dormidas. Mas que agora esclarece à população de Seabra sobre a realidade vivida no Hospital.
E fecha falando diretamente ao povo de Seabra: “E Gostaria de dizer a vocês, povo de Seabra, me ajudem, eu estou precisando de ajuda o hospital pede clemência. Nos ajudem. Porque se não fossem esses funcionários e alguns médicos, esse hospital já teria fechado. Gostaria imensamente de me desculpar com todos os funcionários. Até o momento não pude fazer o pagamento como deveria ser feito a eles. E sei que eles são trabalhadores e são eles quem fazem o hospital acontecer. A cada um de vocês e a cada povo de Seabra, a algum empresário que queira ajudar na alimentação, num remédio, o hospital está aberto. Não por ingerência, mas sim por falta de dinheiro. Ainda, gostaria que o governo do estado sensibilizasse por esse hospital”.
Com essa frase, percebe-se a grave situação do Hospital Frei Justo Venture, em Seabra, e a forte intenção da Diretora em solucionar os problemas.
O Hospital clama por socorro, pede clemência, grita para não morrer. Está na UTI, mas ainda respira, com ajuda de aparelhos…
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